As vendas de carros seminovos (com até três anos) e usados na região no primeiro semestre estão até 30% maiores do que as do mesmo período em 2013, segundo lojistas ouvidos pela equipe do Diário.

O crescimento da procura ocorreu ao mesmo tempo em que a demanda por veículos novos deu uma esfriada. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em todo o País, nos primeiros seis meses, houve queda de 7% nos licenciamentos de automóveis e comerciais leves zero-quilômetro ante mesmo intervalo de 2013, enquanto, de janeiro a maio (último dado disponível) houve alta de 5,5% no volume de comercialização de usados.

Para os revendedores independentes, a melhora se deveu, entre outros motivos, ao fato de que, a partir de janeiro, os novos modelos passaram a ter de sair de fábrica com airbag e ABS, o que elevou seus custos. Além disso, nessa data já havia ocorrido retirada parcial do incentivo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido – a alíquota para carros 1.0 estava em 2% em 2013 e subiu para 3% no primeiro dia do ano.

Paulo Perazzo, que tem loja em shopping de carros em Santo André, cita que hoje chega a 30% a diferença de preços entre o modelo zero completo e um de 2013 semelhante. “Essa diferença faz a pessoa enxergar a vantagem de comprar o seminovo”, diz o comerciante, que também vê alta de 30% na procura neste ano. O proprietário de outra revenda multimarca, Gerson Batista do Nascimento, concorda que o mercado de usados e seminovos se garantiu pela distância de custos do usado em relação ao do zero.

Isso apesar da restrição de crédito, por parte dos bancos. O rigor na aprovação das fichas bancárias teria afetado mais as vendas de novos, pois o segmento já estava acostumado com financiamento em que era necessário dar valor de entrada, aponta o gerente Marcelo Bernardino, de loja situada em shopping automotivo em São Bernardo. No caso dos seminovos e usados, muitas vezes outro carro é negociado na troca.

O desempenho melhor é verificado apesar da demanda mais lenta, por causa da Copa do Mundo, que desviou a atenção dos consumidores e deixou as revendas vazias nos dias de jogos do Brasil. Havia ainda a preocupação com as manifestações contra o Mundial, o que também teria ajudado a reduzir o fluxo de público nos primeiros dias do evento, embora praticamente não tenham ocorrido protestos durante a competição, pelo menos não no Grande ABC, explica Perazzo. A queda na demanda na Copa, no entanto, não deve atrapalhar o segmento e, com o término do evento esportivo, no domingo, os lojistas esperam melhora no volume comercializado neste mês.


Segundo semestre deverá ser bom para troca de carro

O segundo semestre deverá oferecer boas oportunidades para quem quiser trocar de carro, segundo especialistas. Isso porque, com a queda nas vendas de veículos novos, as montadoras devem seguir lançando promoções para desovar estoques e, como houve prorrogação na retirada do incentivo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), para o fim do ano, os valores dos modelos não devem subir agora.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o cenário é propício para o consumidor negociar a compra, pois os pátios das fábricas estão abarrotados e, com as vendas em declínio, o poder de argumentação é muito maior. Isso, principalmente se a pessoa tiver dinheiro para comprar à vista. Se faltar alguma quantia que terá de financiar, será preciso ter cuidado para que a parcela caiba em seu orçamento mensal, e que também tenha dinheiro para os gastos de manutenção. Em média, esse custo mensal equivale a 3% do valor, ou seja, um veículo de R$ 20 mil, por exemplo, gera despesa de cerca de R$ 600 mensais – sem contar a prestação.  

Fonte: www.dgabc.com.br

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