A polícia do Rio de Janeiro descobriu um novo esquema de falsificação de chassis de carro de luxo. O esquema foi mostrado com exclusividade pela GloboNews, nesta terça-feira (2). Os bandidos roubam carros, adulteram e revendem esses veículos como se fossem regulares.
A princípio, a polícia acreditava que os criminosos só falsificavam carros da montadora Mitsubishi. Mas agora já se sabe que veículos de outras marcas, como Toyota e Land Rover, também foram adulterados. As investigações começaram em julho, depois que a polícia recebeu uma denúncia anônima de que um advogado estava circulando com uma picape roubada e adulterada na cidade de Resende, no interior do estado do Rio. Até agora, ninguém foi preso, mas a polícia já descobriu como funciona o esquema. O golpe é tão sofisticado que os criminosos conseguiram emplacar os carros falsificados em 15 estados. Para aplicar o golpe, a quadrilha teve acesso à lista de chassis de carros fabricados no Brasil e que foram exportados. 
Todos os carros avaliados em cerca de R$ 100 mil cada um foram roubados por uma quadrilha que falsifica a numeração de carros de luxo e estão agora no pátio de uma delegacia. Segundo os investigadores, os compradores não sabiam que estavam sendo vítimas de um golpe aplicados em pelo menos 15 estados do país. O chassi é uma espécie de certidão de nascimento do carro e identifica todos os veículos fabricados no Brasil. Esse número é único e é informado apenas ao Departamento Nacional de Trânsito, o Denatran.
De acordo com a polícia, a quadrilha atua da seguinte maneira: os criminosos têm acesso à lista dos chassis dos veículos produzidos para exportação, vendidos diretamente para órgãos públicos, ou que têm perda total em acidentes. Os bandidos então emitem notas falsas de compra desses veículos. Com essa nota, a quadrilha rouba ou furta veículos de mesmo modelo e mesma cor. Os carros roubados têm os chassis trocados por aqueles da lista de veículos exportados vendidos para o governo ou acidentados. E como o número do chassi confere com o existente na base de dados do Denatran, o carro é emplacado normalmente e vendido como se fosse regular.
A polícia tem fortes indícios da participação de funcionários de montadoras e do Denatran no esquema, já que apenas eles têm acesso aos dados pré-cadastrais de cada veículo.
Para o delegado responsável pelas investigações, há uma brecha no sistema do Denatran que permite que as quadrilhas tenham acesso a esse tipo de informação. “As montadoras e importadoras informam ao Denatran esses números, que são veículos destinados à importação. E assim, deveria haver uma restrição nesses números, para serem somente liberados no ato de emplacamento”, afirma o delegado Mário Arruda.
Os investigadores descobriram que o esquema funciona há pelo menos quatro anos. Até agora, os principais alvos dos bandidos são as picapes L200 Triton, da Mitsubishi. Dados da polícia mostram que 66 veículos desse modelo foram roubados no estado do Rio esse ano. Um aumento de mais de 200% em relação à 2013. A pedido da polícia, uma auditoria da Mitsubishi constatou que mais de 200 picapes tiveram os chassis usados irregularmente no emplacamento de veículos. Os bandidos escolhem carros caros por causa das altas despesas com o esquema. Eles gastam em média R$ 20 mil por carro adulterado.
“Essa despesa tem como base a compra de documentos e as informações, porque eles pagam essa propina para funcionários ou da concessionária ou do Denatran, E também na compra dos veículos que são produtos de roubos ou furtos que eles mais tarde vão falsificar a numeração dos chassis”, acrescenta o delegado Mário Arruda.
Os agentes já apreenderam 13 picapes Mitsubishi e uma Toyota Hilux com chassis adulterados, mas que tinham sido emplacados e circulavam normalmente. 
João Marcelo caiu na farsa e pagou R$ 115 mil em uma picape L200 fraudada. “Esse carro é um carro caro, paguei R$ 115 mil no carro e logo depois transferi pro meu nome. Documento no Detran, seguradora, o carro está segurado no meu nome, receido de compra e venda, tudo direitinho”, diz João Marcelo Gomes de Sá, empresário.
Já Claudio é uma vítima que está na outra ponta do esquema. Ele teve sua picape L200 furtada dentro do próprio condomínio. “Como aqui é um lugar seguro, parei o carro aqui nessa vaga. Era umas 7h3, eu desci, procurei o carro, andei pra lá, pra cá, não acreditei. Realmente o carro tinha sumido”, conta Claudio Ribeiro Pinto, engenheiro.
“Com a nossa investigação, essas pessoas estão se desfazendo desses veículos, estão inclusive anunciando em sites. Então seria uma dica para essas pessoas sempre que adquirem o veículo. A primeira coisa é ver a chave original do veículo e o manual”, alerta o delegado Mario Arruda,
A Mitsubishi informou que está colaborando com as autoridades e que não tem conhecimento de envolvimento de nenhum funcionário dela no esquema.
Já a Toyota afirmou que não tem conhecimento dos fatos e recomenda aos clientes que adquiram os veículos apenas em concessionárias da marca.
A Land Rover também informou que não foi notificada oficialmente sobre a investigação da Polícia Civil do Rio. A empresa disse que está à disposição das autoridades para ajudar nas investigações.
Já o Denatran informou que acionou a Polícia Federal assim que teve conhecimento da fraude, e que o caso não foi divulgado para não atrapalhar as investigações. Segundo o Denatran, não há qualquer possibilidade de algum funcionário do departamento estar envolvido na fraude descoberta pela polícia do Rio de janeiro. 
Sobre as brechas apontadas pela polícia no Registro Nacional de Veículos, o órgão informou que vai encaminhar o assunto ao Conselho Nacional de Trânsito, o Contran, para avaliar a necessidade de algum ato normativo sobre cadastro de veículos fabricados para exportação. 

Fonte: http://g1.globo.com/globo-news

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